A vida é uma viagem de encontros e desencontros e há que aproveitá-la. Uma das formas de o fazer é a caminhar e passar pelo nosso país que tem muito para mostrar a quem o visita. O Pé ante pé continua, hoje, a desvendar o Alentejo e a viajar no tempo. A cidade-quartel de Elvas é o destino e fiquem a conhecer as suas fortificações que são Património Mundial da Humanidade.
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À entrada da cidade de Elvas |
Apelidada de "Rainha da Fronteira" ou "Cidade-Fortaleza", Elvas integra o distrito de Portalegre e é a mais importante cidade-quartel fronteiriça, sendo que tem uma das maiores fortificações abaluartadas do Mundo. Classificadas pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 2012, as antigas defesas desta cidade incluem as muralhas, o centro histórico, o Forte de Santa Luzia, o Forte da Graça, o Aqueduto da Amoreira e os fortins de S. Pedro, de S. Mamede e de S. Domingos.
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Junto do Aqueduto da Amoreira |
Ao chegar à cidade de Elvas, o Aqueduto da Amoreira dá as boas-vindas e o próximo passo conduz à Porta da Esquina ou Porta da Conceição. Um monumento nacional traçado pelo matemático holandês Jan Ciermans (conhecido por João Cosmander) e que integra a muralha do sistema abaluartado da Restauração. Primeiro, apresenta-se a porta exterior da Esquina e, depois, a interior.
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Porta exterior da Esquina ou de N. Srª da Conceição |
A primeira (acima) tem uma decoração simples e, noutros tempos, dava acesso à antiga estrada para Estremoz e Lisboa. Já a porta interior da Esquina (abaixo) é mais elaborada. O mármore branco e negro fazem parte da sua construção e, no final do século XVII, nas suas traseiras é construída a capela de Nossa Senhora da Conceição, de estilo Renascentista, que também dá nome à porta.
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Porta interior da Esquina |
No largo da porta interior da Esquina, é possível avistar os oito quilómetros de extensão do Aqueduto da Amoreira. Este é um importante exemplo da arquitectura hidráulica do país que estende-se da nascente no local da Amoreira até à Fonte da Misericórdia no centro da cidade. O aqueduto começa a ser construído em 1537, mas, devido a vários constrangimentos, a água só chega definitivamente em 1622.
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Aqueduto da Amoreira |
O Aqueduto da Amoreira é o maior do género da Península Ibérica. Este tem 1367 metros de galerias subterrâneas e mais de cinco quilómetros e meio à superfície com arcadas que chegam a atingir 31 metros de altura. Avançando na visita e transposta a Porta da Esquina, eis a Poterna de São Martinho e a Igreja que lhe dá nome. E, aqui, está um exemplar de uma saída dissimulada que conduzia para fora da fortificação.
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Poterna de São Martinho |
Adiante, a Casa das Barcas. Um "edifício construído entre 1703 e 1705, no âmbito dos preparativos da Guerra de Sucessão Espanhola, para a construção e armazenamento de barcas que em operações militares serviam para atravessar a fronteira espanhola nos rios Caia e Guadiana." Esta informação está inscrita numa placa local, onde dá para perceber que, hoje, a então "Casa das Barca" é o Mercado Municipal de Elvas.
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A "Casa das Barcas" é hoje o mercado municipal |
Entre o Mercado Municipal e o Castelo, é possível visualizar o Meio-Baluarte do Príncipe. Um baluarte incompleto que, noutros tempos, fazia a defesa da zona Norte da fortificação. Daqui, a próxima paragem é o Castelo de Elvas. Um monumento nacional conquistado, inicialmente, aos árabes em 1166 por D. Afonso Henriques. Poucos anos depois da conquista, é perdido para os árabes.
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Meio-Baluarte do Príncipe |
E num vai e vem faz-se a história do castelo. Este é reconquistado, definitivamente, por D. Sancho II no ano de 1226 e sofre alterações nos reinados de D. Dinis, D. João e D. Manuel. A Torre de Menagem é, em 1488, reconstruída e, hoje, o castelo assume a forma de quadrilátero. Ultrapassada a porta principal, os visitantes têm ao seu dispor um café e restaurante com direito a esplanada.
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O castelo de Elvas é monumento nacional desde 1906 |
O castelo fica no ponto mais alto do centro histórico da cidade de Elvas e, daqui, diz-se que «Ó Elvas/ Ó Elvas/ Badajoz à vista» (
A Minha Cidade, de Paco Bandeira). Elvas é a cidade-quartel que faz fronteira com Badajoz (Espanha) e é terra do Alentejo e do Guadiana. Tem, além das suas fortificações classificadas como Património da Humanidade, um importante património religioso.
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«Ó Elvas/ Ó Elvas/ Badajoz à vista» |
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Paredes de casas do centro histórico de Elvas |
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Plantações caseiras com recurso à reciclagem |
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Uma das ruas do centro histórico de Elvas |
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção é uma das construções religiosas que pode ser visitada numa passagem pela Praça da República. Elvas é diocese de 1570 até 1881 e esta Igreja destaca-se, das outras ermidas, por ser a antiga Sé da cidade. A construção da Igreja de N. Srª da Assunção remonta o ano de 1517 e a ordem parte de D. Manuel. O interior deste edifício religioso é rico em pormenores.
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Igreja de Nossa Senhora da Assunção e antiga Sé de Elvas |
Depois de uma visita ao centro histórico de Elvas, a próxima paragem é o Forte de Santa Luzia já um pouco afastado da cidade. Ao chegar ao forte, uma marca amarela e vermelha sobressai num poste verde e sai uma exclamação eufórica: "Aqui, há um percurso!" Nisto, toca a pesquisar e o "Pecurso de birdwatching de Torre de Bolsa" é a nova descoberta. Um percurso linear de 13 km com início ao pé do Forte de Santa Luzia (mais informações no link abaixo).
À entrada do Forte de Santa Luzia a impressão é boa e a vontade de visitar é grande. Este forte é uma fortificação do século XVII construída com base nas guerras da Restauração de Portugal e Espanha. A sua construção tem início em 1641 e fica concluída em 1648, sendo que da sua composição fazem parte quatro baluartes, a Casa do Governador, a Igreja, uma casa abobadada à prova de bomba, várias casernas e duas cisternas.
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Forte de Santa Luzia |
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No interior do Forte de Santa Luzia
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Adereços complementam o cenário do Forte de Santa Luzia |
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Cidade de Elvas avistada do Forte de Santa Luzia |
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Interior do Forte de Santa Luzia |
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Telescópio do Forte de Santa Luzia |
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Num dos baluartes do Forte de Santa Luzia |
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'Casa do Governador' |
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Interior do Forte de Santa Luzia |
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Numa visita rápida a Badajoz e ao rio Guadiana |
Uma vez em Elvas, a vontade é imensa de fazer uma visita ao rio Guadiana e a Badajoz. Então, o Pé ante pé atravessa a fronteira Portugal-Espanha para uma passagem rápida e, ao mesmo tempo, memorável. Em terras espanholas, fica o desejo de voltar um dia para uma nova aventura. E, agora, é tempo de rumar a Elvas para, de seguida, fazer uma visita relâmpago a Vila Viçosa.
Aventurem-se e bons passeios!
Um até já,
TS