sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Um texto de setas

Uma seta ali e outra acolá. As setas amarelas ou flechas amarillas, como dizem os nuestros hermanos, sinalizam os caminhos de Santiago, ajudando os forasteiros a chegar a Compostela, em Espanha. Aqui ao lado, por terras de Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira e Santa Maria da Feira, é possível encontrar estas setas e enveredar por trilhos nunca antes percorridos.

A concha e a seta marcam os caminhos de Santiago


Num dia de Carnaval, acordo às 6 horas para às 7.30 estar junto da Igreja Matriz de Arrifana, freguesia do concelho de Santa Maria da Feira, para dar início a uma parte do caminho português de Santiago. O destino final é a Sé do Porto, mas só depois de 42,5 km percorridos. Uma tarefa aparentemente complicada, o que não o deixa de ser, e inexplicável. Toca a seguir as flechas.

Igreja Matriz de Arrifana


Arrifana, Escapães, Souto Redondo de S. João de Ver, Lourosa e Mozelos são terras de Santa Maria da Feira marcadas pelas setas amarelas do caminho português de Santiago que sai de Lisboa e segue até à cidade do Porto. Este caminho, feito no sentido inverso (norte - sul), leva os caminheiros e/ou peregrinos até ao Santuário de Fátima com a orientação de setas azuis.

Seta azui (Fátima) e seta amarela (Santiago)


De Mozelos a Grijó são 5.5 km e, no total, já estão percorridos 19 km desde o início, em Arrifana. Uma passagem pelo antigo Mosteiro de Grijó, datado do século XIII, e, sem muitas demoras, segue-se para o Perosinho que fica a 10.5 km. Depois, Rechousa a 4 km e, para terminar, mais 9 km até à Sé do Porto com, antes, uma passagem pela Avenida da República de Vila Nova de Gaia e uma travessia do tabuleiro superior da ponte D. Luís sobre o rio Douro.

Sé do Porto


Sempre na companhia da concha, símbolo dos caminhos de Santiago, e das flechas amarillas. É assim de Arrifana ao Porto e da Sé da Invicta até Santiago de Compostela. Esta segunda parte é aliciante e será complicada a sua realização. Todavia, fica aqui um até um dia. E, por agora, o percurso termina às 15.30, perfazendo um total de oito horas com duas paragens de 15 minutos incluídas.

Aventurem-se e bom caminho!

Um até já,

TS

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Ilha dos Amores

A Ilha dos Amores é o único percurso pedestre do município de Castelo de Paiva. Uma pequena rota, de sete quilómetros, carregada de paisagens únicas que fazem vibrar o coração de quem visita o Cais do Castelo, na freguesia de Fornos. Hoje, dia de S. Valentim e dos Namorados, esta é a proposta de trilho sugestiva para este ou um outro fim de semana amoroso.

Ilha do Castelo ou Ilha dos Amores 


A PR 1 de Castelo de Paiva, é única no concelho, tem início e fim no Cais do Castelo e dá a conhecer vários pontos da freguesia de Fornos. Um percurso único, mas de extrema beleza. O rio Douro complementa as paisagens do município e, aí, sugere o casamento perfeito. O ponto de partida dá-se junto da placa informativa do trilho.

Placa informativa da PR 1 - Ilha dos Amores


Ao longo do percurso, passamos por lugares da freguesia de Fornos e atravessamos por mais que uma vez a EN 222. Calcamos calçadas antigas, atravessamos ruelas estreitas, percorremos caminhos de terra e alcançamos vistas panorâmica incríveis. Logo, no início da PR 1, avistamos a ponte de Escamarão que separa os distritos de Aveiro e de Viseu. Por aqui, correm as águas do rio Paiva que, por sua vez, vai ao encontro do Douro. 

Ponte de Escamarão e rio Paiva


Ruela e calçada antiga


Alminhas


Caminho de terra 


Videira


A capela de Santo António, a escola primária, o polidesportivo, o largo paroquial e a Igreja de São Pelágio de Fornos são outros dos pontos de referência da Ilha dos Amores. A cada pegada dada é evidente a forte religiosidade local e a importância da produção vinícola. Exemplos disso são as diversas representações de alminhas espalhadas pelos lugares da freguesia e  os campos de videiras.

Capela de Santo António


Placa de madeira a indicar a direcção certa


Igreja de São Pelágio de Fornos


Hipericão


Alminhas


Caminho de terra


Campos carregados de videiras


Vista longínqua para o rio Douro


Envolvida pelo rio Douro, a Ilha do Castelo ou Ilha dos Amores (como é mais conhecida) reúne três distritos: Aveiro, Porto e Viseu. E, no fim de contas territoriais, a ilha é adquirida, em 1991, pela Câmara Municipal de Castelo de Paiva. O cais do Castelo é, sem dúvida, um ponto forte da PR 1. Mas, ao longo de todo o percurso, os caminheiros têm a oportunidade de avistar o rio Douro e as magníficas paisagens que o envolvem.

Ilha dos Amores avistada do ponto mais alto da PR 1


Ovelha




Vistas panorâmicas sobre o rio Douro


Passagem pela Quinta do Castelo de Baixo


Depois de passar junto da Quinta do Castelo de Baixo, o fim do percurso está à vista. Logo, surge o Cais do Castelo e a Ilha dos Amores. Esta recebe os caminheiros com boas-vindas e, no final, despede-se com incentivos para uma nova visita. Resumindo, sete quilómetros de distância com vistas fantásticas. E, de negativo, apenas a apontar a existência de alguns constrangimentos na sinalização do percurso.

Passagem de um barco turístico 


Cais do Castelo e Foz do rio Paiva


Barco turístico


Pequenos barcos junto ao Cais do Castelo 


A terminar, deixo uma curiosidade exposta no folheto da PR 1 - Ilha dos Amores: "Na Foz do rio Paiva, junto à sua confluência com o Douro, encontra-se uma ilha, a que o povo chama ilha dos amores, cujo valor patrimonial e ambiental é inestimável. Sempre foi acessível através de um areal que a ligava à margem direita do rio Paiva [...] até que a albufeira da Barragem de Crestuma/ Lever submergiu permanentemente a sua ligação à terra. Desde então só é acessível de barco, o que a tornou mais atractiva."

Aventurem-se e boas caminhadas!

Um até já,

TS



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Varandas da Felgueira

O concelho de Vale de Cambra oferece, aos caminheiros, três percursos pedestres de pequena rota. Varandas da Felgueira, À Nossa Senhora da Saúde por caminhos de antigamente e Na Vereda do Pastor são os nomes atribuídos à PR 1, PR 2 e PR 3 respectivamente. E é pelo início que começo. Um percurso circular, de 5.100 metros, que dá a conhecer a aldeia da Felgueira e as suas varandas.

Uma varanda da Felgueira têm vista para a Frecha da Mizarela


A pequena rota Varandas da Felgueira é circular e, sendo assim, pode ter início e fim em qualquer um dos pontos do percurso. Aqui, marco o ponto de partida junto do painel informativo da PR 1, na rua da Freita. Integrada no programa 'Aldeias de Portugal', Felgueira é uma aldeia rural e tradicional da freguesia de Arões. E é, sem demoras, para o núcleo antigo que tomamos direcção.

O painel informativo já situado no largo da rua da Freita


Da rua da Freita segue-se para o núcleo antigo da Felgueira


Núcleo antigo da aldeia da Felgueira


Deixada a estrada asfaltada, entramos no núcleo antigo da aldeia da Felgueira. Caminhamos sobre calçadas gastas pelo tempo e pelo passagem das pessoas, animais e carros de bois. Avistamos, uns de perto e outros de longe, edifícios de pedra com paredes (também elas) desgastadas pelos invernos e verões de anos a fio. Passamos ainda junto de casas restauradas que aguardam a visita de forasteiros. E, a cada canto, a vida rural está bem marcada. 

De Felgueira a Carvalhal do Chão conta-se 1.2 km


Depois da passagem pelo núcleo antigo da Felgueira, seguimos para o lugar de Carvalhal do Chão a 1.2 km de distância. É um instante e, até lá, tomamos um trilho de terra e cheio de humidade que dá acesso a vários campos de cultivo. Por aqui, ainda é possível encontrar moreias feitas de canas de bandeiras de espigas de milho e admirar os campos zelados aos socalcos. E, pouco tempo depois, já estamos em Carvalhal.

Trilho rural de acesso a Carvalhal do Chão


Cavalos à frente e a Serra da Freita ao fundo 


Indicação de 'Caminho Certo'


A passagem pelo lugar de Carvalhal do Chão é rápida. E, a partir daqui, começamos a subir pela mata adentro e a percorrer as Varandas da Felgueira. Agora, deixamos os trilhos rurais e a estrada asfaltada para entrar em caminhos florestais e montanhosos. As habitações ficam para trás e dão lugar aos pinheiros, eucaliptos, giestas, tojo, musgo nas pedras. Toda uma paisagem verde, cinzenta e acastanhada típica da estação fria.

PR 1 - Varandas da Felgueira


A Serra da Freita como pano de fundo 


Trilho florestal e montanhoso


Mais uma vez a Serra da Freita a biscar o olho


É seguir em frente que este é o 'Caminho Certo'


Pouco depois de encontrarmos duas placas de madeira, uma a indicar que percorremos 1.9 km e outra que falta 1.5 km para terminar o percurso, temos (a meu ver) uma vista privilegiada para a Serra da Freita. Mais concretamente, ao começarmos a descer em direcção ao ponto de início da PR 1, avistamos a aldeia e a Frecha da Mizarela. Aqui, penso e interrogo-me: «Como é possível? São maravilhas da natureza que dão acesso a lugares impensáveis de ver a vivo e a cores.»

Mais um 1.9 km no papo e falta 1.5 km para o fim


Resina a espreitar pelo tronco de um pinheiro


Vista para a aldeia e Frecha da Mizarela


O percurso está quase prestes a ser concluído. Antes, passamos pelo campo de jogos da Felgueira e pela capela e arraial local. No regresso à rua da Freita, os caminheiros podem alargar a sua visita até à aldeia da Paraduça. Este lugar, também da freguesia de Arões, fica a cerca de 7 km (de carro) da aldeia da Felgueira e dá a conhecer um conjunto de moinhos restaurados e em funcionamento. Fica a dica de visita para quem quiser ver o milho a ser moído.

Campo de jogos 


Capela local


Coreto situado do arraial da capela


Arraial da capela local


Felgueira integra o programa 'Aldeias de Portugal'


A aldeia da Felgueira é uma das portas de entrada e saída da Serra da Freita. Por isso, aquando de uma visita à serra, aproveitem e passem por este lugar de Arões para desvendar as Varandas da Felgueira. Uma pequena rota muito acessível, a quem está habituado a fazer caminhadas, e que, sem pressas, faz-se em pouco mais de uma hora.

Aventurem-se e boas caminhadas!

Um até já,

TS