terça-feira, 22 de março de 2016

Rota dos Geossítios IV

O quarto passeio pela Rota dos Geossítios leva o Pé ante pé até Alvarenga para desvendar mais três fenómenos geológicos de Arouca. Os Icnofósseis da área de Cabanas Longas (G37), o Sítio de Mira Paiva (G38) e o Marco Geodésico da Pedra Posta (G39) são os protagonistas de hoje. A Paradinha e os Caminhos de Montemuro surgem por acréscimo.

Quarto passeio pela Rota dos Geossítios
Fevereiro de 2016


O Pé ante pé começa a jornada de hoje pelos Icnofósseis da área da Cabanas Longas. O trigésimo sétimo geossítio do concelho de Arouca que integra a freguesia de Alvarega e está próximo da aldeia da Paradinha. Também conhecidos por "Cruziana", estes incofósseis passaram a estar mais acessíveis aos visitantes  após a inauguração de uma estrutura de valorização do G37.

À procura dos Icnofósseis de Cabanas Longas e do Mira Paiva
Fevereiro de 2016


Alcançada a escadaria de madeira de acesso ao G37
Fevereiro de 2016


Os Icnofósseis de Cabanas Longas correspondem ao G37
Fevereiro de 2016


À descoberta dos Icnofósseis de Cabanas Longas (G37)
Fevereiro de 2016


Inauguradas em Dezembro de 2015, a escadaria de madeira e a estrutura de ferro complementam-se no acesso ao local exacto dos Icnofósseis de Cabanas Longas. Este fenómeno geológico apresenta um elevado interesse didáctico e turístico e "corresponde a pistas de locomoção e alimentação deixadas pelas trilobites, há cerca de 480 milhões de anos", escreve o Aveiro Norte.

Estrutura de ferro de acesso aos Icnofósseis (G37)
Fevereiro de 2016


Junto dos Icnofósseis de Cabanas Longas (G37)
Fevereiro de 2016

Um exemplar de Icnofóssil
Fevereiro de 2016


Um outro exemplar de Icnofóssil
Fevereiro de 2016


Situado do Vale do Paiva, o G37 consiste em "sulcos bilobulados, escavados pelos apêndices locomotores das trilobites em fundos argilosos consistentes" e "preenchidos por areias que mais tarde originaram os atuais quartzitos", lê-se numa placa junto do local. Ou seja, há 480 milhões de anos, estas paredes rochosas seriam areias depositadas num mar antigo pouco profundo.

Junto dos Icnofósseis de Cabanas Longas (G37)
Fevereiro de 2016


Vista panorâmica alcançada da varanda dos Icnofósseis (G37)
Fevereiro de 2016


Um último olhar para a varanda dos Icnofósseis
Fevereiro de 2016


Junto dos Icnofósseis avistam medronheiros
Fevereiro de 2016


Ainda junto dos Icnofósseis de Cabanas Longas (G37), há tempo para admirar a paisagem envolvente e os medronheiros existentes no local. Estes correspondem a uma planta da região cujo fruto (o medronho), quando maduro, é vermelho e comestível. Posto isto, o Pé ante pé segue para o sítio de Mira Paiva (G38).

Ainda na escadaria de acesso ao G37
Fevereiro de 2016


A próxima paragem é no sítio de Mira Paiva
Fevereiro de 2016


Já perto do sítio de Mira Paiva
Fevereiro de 2016

Sítio de Mira Paiva (G38)
Fevereiro de 2016


O sítio de Mira Paiva é o trigésimo oitavo geossítio (G38) de Arouca que inclui um miradouro e uma área abrangente até ao rio Paiva, na sua margem direita. Situado a poucos quilómetros dos Icnofósseis de Cabanas Longas, este fenómeno geológico proporciona uma vista panorâmica ampla sobre a aldeia e a praia da Paradinha.

À descoberta do sítio de Mira Paiva
Fevereiro de 2016


Panorâmica do sítio de Mira Paiva (G38)
Fevereiro de 2016


Chegada à aldeia da Paradinha
Fevereiro de 2016


Capela da Nossa Senhora da Boa Viagem (Paradinha)
Fevereiro de 2016


O miradouro do Mira Paiva possibilita ainda observar a foz do rio Paivô e calhaus, sobretudo de quartzito e quartzo, a mais ou menos 20 metros de altitude acima do leito do Paiva. E após admirar a panorâmica do G38, o Pé ante pé sugere uma visita à aldeia da Paradinha. À entrada, a Senhora da Boa Viagem dá as boas-vindas e, numa placa, lê-se "vem amigo" e "vive o paraíso".

A aldeia da Paradinha integra as Aldeias de Portugal
Fevereiro de 2016


Aldeia da Paradinha
Fevereiro de 2016


Parque de lazer da praia da Paradinha
Fevereiro de 2016


"Contaminem os vossos rios e morrerão nos próprios detritos"
Fevereiro de 2016


A Paradinha integra o projecto Aldeias de Portugal e a rota portuguesa do Geocaching. Uma espécie de caça tesouro dos tempos modernos jogada no mundo inteiro com recurso a um GPS. O objectivo do jogo é encontrar o geocache (uma caixa ou recipiente) que encontra-se escondido num ponto de relevância como é o exemplo da praia da Paradinha. O convívio surge por acréscimo.

Praia da Paradinha e rio Paiva
Fevereiro de 2016


Uma visita à Paradinha e ao rio Paiva
Fevereiro de 2016


"É bom o Homem cuidar de si, mas é odioso cuidar só" de si
Fevereiro de 2016


O Pé ante pé já sabe onde está o geocache da Paradinha
Fevereiro de 2016


A passagem pela aldeia e praia da Paradinha é muito agradável e recomendada. Mas, depois de descoberto o geocache, o Pé ante pé regressa à estrada para atingir o último fenómeno geológico de hoje. Situado a 1222 metros de altitude, apresento o marco geodésico da Pedra Posta (G39) considerado o ponto mais elevado de Arouca e o oitavo mais alto de Portugal Continental.

Marco geodésico da Pedra Posta (G39)
Outubro de 2012


Caminhos do Montemuro
Outubro de 2012


Parque eólico da Serra de Montemuro
Outubro de 2012


Junto do ponto mais elevado do concelho de Arouca
Outubro de 2012


O passeio de hoje apresenta um itinerário a ser realizado com recurso a um carro ou outro veículo motorizado. No entanto, também fica a sugestão de caminhada pelos Caminhos do Montemuro que dão a conhecer o marco geodésico da Pedra Posta (G39). E, no fim de 19 km de pegadas, seguir de carro para os Icnofósseis (G37) e para o Mira Paiva (G38). É um dois em um.

Aventurem-se e bons passeios!

Um até já,

TS



sexta-feira, 11 de março de 2016

Na Vereda do Pastor

O concelho de Vale de Cambra disponibiliza, aos caminheiros, três percursos pedestres: Varandas da Felgueira (PR 1), À Senhora da Saúde por caminhos de antigamente (PR 2) e Na Vereda do Pastor (PR 3). Em 2015, o Pé ante pé revela a descrição das duas primeiras pequenas rotas. E, agora, ruma às aldeias de Côvo, Agualva e Lomba para percorrer os trilhos dos pastores locais.

PR 3 - Na Vereda do Pastor


Na Vereda do Pastor é a designação atribuída ao terceiro e último percurso pedestre do concelho de Vale de Cambra. Com uma extensão de nove quilómetros, a PR 3 é uma pequena rota circular classificada com um grau 'Médio/Alto' de dificuldade. Daí que, devido à dureza dos seus trilhos de montanha, esta caminhada exija alguma preparação física. 

Placa informativa da PR 3 - Na Vereda do Pastor


A aldeia do Côvo marca o início da rota circular de 9 km


Ainda há pastores nas aldeias de Côvo, Agualva e Lomba


Aldeia de Côvo


A caminhada de hoje tem início no ponto mais alto do município de Vale de Cambra. Trata-se do Côvo. Uma aldeia localizada na encosta sul da Serra da Freita a 930 metros de altitude. Mas, uma vez que a PR 3 é circular, a pequena rota também pode ser iniciada nos lugares de Agualva ou Lomba. Aqui, o ponto de partida fica marcado no Côvo em direcção à aldeia de Agualva.

Outra perspectiva da aldeia do Côvo

Caminho Certo


Poste de alta tensão

Um trilho de montanha com nível de dificuldade alto


Depois de deixar a aldeia mais alta de Vale de Cambra, os caminheiros enveredam pelos caminhos montanhosos duros que (na sua maioria) caracterizam a PR 3 - Na Vereda do Pastor. O Côvo fica a pouco e pouco para trás e, desde logo, é possível verificar que ainda há pastores. Homens e mulheres que, na companhia de um cão, colocam o gado de raça arouquesa e cabras a pastar pela serra.

Pequena queda de água do rio Estacas


Rio Estacas


A caminho da aldeia da Agualva

Um olhar diferente sobre a Serra da Freita


Antes de alcançar a aldeia de Agualva, os caminheiros passam junto de um poste de alta tensão e começam a surgir as primeiras grandes dificuldades. É necessário muita atenção e orientação para encontrar as marcas da PR 3 e seguir o 'Caminho Certo'. Mas preciosidades do percurso, como é exemplo a queda de água do rio Estacas, acabam por compensar qualquer esforço.

Lesma


Aldeia de Agualva à vista


Placa de orientação da PR 3 - Na Vereda do Pastor


Placa informativa da PR 3 situada no lugar de Agualva


Aquando da passagem pela aldeia de Agualva, é novamente possível constatar que ainda há pastores por estas terras de Vale de Cambra. Vidas tradicionais, rurais e distintas do mundo citadino e rápido de hoje. Os habitantes carregam molhos de carqueja e tojo que colhem na serra para sustentar os animais pois nem sempre o tempo ajuda às saídas e são necessárias reservas alimentares.

Aldeia de Agualva


Vista panorâmica sobre a aldeia da Lomba


Vista panorâmica sobre a antiga escola primária da Lomba


Aldeia da Lomba


A passagem pela Agualva é breve e a aldeia da Lomba, que é próximo destino, está à distância de poucas pegadas. A PR 3 - Na Vereda do Pastor - permite um primeiro contacto com a Lomba através de uma vista panorâmica ampla sobre todo o lugar. Este recanto de Vale de Cambra está encaixado num vale que, por sua vez, está protegido pelas encostas da Serra da Freita.

Radar Meteorológico de Arouca avistado da Lomba


'Caminho Certo'


Travessia de uma ponte sobre o rio Estacas


Rio Estacas


A entrada no lugar da Lomba ocorre com a travessia de uma ponte sobre o rio Estacas. E, poucos metros depois, surgem placas de madeira orientadoras da PR 3. A próxima etapa liga as aldeias da Lomba e do Côvo. Mas, antes desse desafio, é aconselhável a realização de uma pequena derivação de 300 metros para conhecer o núcleo de espigueiros e a capela da Senhora dos Milagres.

Capela da Srª dos Milagres fica a 300 metros do largo da Lomba


O núcleo de espigueiros da Lomba fica junto da capela

Capela da Senhora dos Milagres

O último desafio é a ligação dos lugares da Lomba ao Côvo


Da Lomba ao Côvo, os caminheiros percorrem uma vereda de pastores. Estes levam o gado a pastar pela serra e colhem alimento para os dias de intensa chuva e neve. Começa-se a subir e, desde logo, vê-se pastores a vaguear pelo seu ofício. Calcam-se pedras gastas pelos cascos dos animais e, enquanto isso, admira-se o encaixe dos vales das montanhas.

Saída da Lomba em direcção a uma vereda de pastores


Antiga escola primária da Lomba

Entrada numa vereda de pastores


Cabras a pastar pela serra


A subida da Lomba até ao Côvo é íngreme. É um verdadeiro exemplo de uma vereda de pastores. Aqui, é preciso muita atenção para não fugir do trilho da PR 3 pois existem poucas marcas amarelas e vermelhas e o caminho não é nítido. Sem dúvida, esta parte do percurso deve ser realizada com calma para evitar lesões e desorientações.

Vaca de raça arouquesa


Uma das poucas marcas visíveis ao longo da subida da vereda


A percorrer a vereda dos pastores de ligação da Lomba ao Côvo


A caminho da aldeia do Côvo


Já de olhos postos na aldeia do Côvo, os caminheiros sobem a vereda dos pastores por um carreiro antigo e estreito. Este que, outrora, via crianças a descer para ir à escola e a subir para regressar às suas casas. Este é o mesmo trilho que, hoje, vê caminheiros em busca de novos lugares, desafios e experiências.

Côvo avistado da vereda dos pastores

Quartzo


Carqueja

Contribuir para o crescimento de uma mariola


Neste ponto do percurso, é possível encontrar uma série de mariolas. Estas correspondem a montes de pedras sobrepostas que, para quem anda pela serra, servem de orientação. Na Vereda do Pastor, as mariolas são extremamente importantes pois é, em parte, graças a elas que o último trilho montanhoso da PR 3 fica concluído com sucesso.

Montes de pedras (mariolas) orientam os caminheiros


Um cenário dos vales e montanhas da Freita

Uma outra marca de auxílio na subida da vereda dos pastores

Mais um registo dos vales e montanhas da Freita


Depois de ultrapassada a vereda do pastor, os caminheiros atingem um caminho novo e, aí, viram à esquerda onde um pouco à frente surge a estrada de asfalto de ligação ao Côvo. A partir daqui, restam cerca de duzentos metros de caminho para concluir a caminhada de hoje. E, no fim, contam-se 9 km de distância e 5 horas de duração.  

'Caminho Certo'


Placa de madeira de orientação da PR 3


Aldeia do Côvo


Chegada ao Côvo e conclusão da PR 3


Concluída a PR 3, os caminheiros conseguem imaginar o quão difícil seria do Côvo rumar à Lomba para estudar ou ir à missa. E, mais tarde, ter de  regressar a casa debaixo de chuva, frio, neve ou calor intenso. Todo este cenário piora com o acrescentar dos nevoeiros típicos da serra. E é com esta reflexão que o Pé ante pé retoma os passeios pela Rota dos Geossítios.  

Aventurem-se e boas caminhadas!

Um até já,

TS