quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Viagem à Pré-História da Freita

A Freita é lugar que amo e, hoje, proponho uma Viagem à Pré-História das terras e montes da serra. E, para tal, a sugestão de caminhada passa pela realização da décima quinta pequena rota (PR 15) dos percursos pedestres do município de Arouca. Uma rota de 17 km de distância e cerca de cinco horas de duração à volta de inúmeros fenómenos geológicos.

PR 15 - Viagem à Pré-História
Fevereiro de 2012


A PR 15 - Viagem à Pré-História - da Serra da Freita é um trilho circular que, aqui, sugiro o início e o fim na aldeia do Merujal. Este lugar é também ponto de partida da PR 16  - Trilho Exótico - do concelho de Arouca e ponto de passagem da Grande Rota (GR) 28 - Por Montes e Vales de Arouca. Ao sair do Merujal, os caminheiros percorrem 800 metros até ao Parque de Campismo e/ou Refúgio da Freita.   

A aldeia do Merujal marca o início e fim da PR 15
Julho de 2012


Alcançada a estrada asfaltada de acesso (de carro) a Cabreiros, os caminheiros encontram o refúgio da Freita do lado esquerdo e o parque de merendas do Merujal do lado direito. E, neste ponto, podem tomar um café ou chá e, logo, seguir caminho. Uns metros à frente entram pela serra adentro em direcção a Albergaria da Serra, também conhecida por Albergaria das Cabras. 

Passagem pelo Refúgio da Freita
Fevereiro de 2012


A PR 15 passa junto do Parque de Campismo da Freita
Fevereiro de 2012


Parque de merendas do Merujal
Fevereiro de 2012


Mesas espalhadas pela mata compõem o parque do Merujal
Fevereiro de 2012


Do parque do Merujal até Albergaria conta-se 1,4 km
Julho de 2012


Conta-se 1,4 km de distância entre o parque de merendas do Merujal e a aldeia de Albergaria da Serra. E, seja verão ou inverno, a paisagem é encantadora. Os caminheiros avistam (à esquerda) o marco geodésico de S. Pedro Velho, que marca o ponto mais alto da Serra da Freita, e passam junto do Refúgio das Baralhas. Pedras amontoadas, o cinza da época fria e o amarelo, rosa e verde da época quente compõem o ambiente físico da serra.

Refúgio das Baralhas
Julho de 2012


A percorrer os trilhos da PR 15
Julho de 2012


À chegada a Albergaria das Cabras, o Caima dá as boas-vindas aos caminheiros já que estes atravessam a ponte sobre o rio e atingem o largo da aldeia. Noutros tempos, Albergaria era um ponto de passagem da estrada romana que ligava Viseu ao Porto. Vinda da freguesia de Manhouce do concelho de S. Pedro do Sul, essa estrada passava pela Serra da Freita e, depois, seguia para a Farrapa e Escariz de Arouca.

Aldeia de Abergaria da Serra e rio Caima
Fevereiro de 2012


Coreto e largo de Albergaria da Serra
Julho de 2012


Os caminheiros seguem do largo de Albergaria da Serra para a Igreja local, onde voltam a enveredar por um trilho de serra. E a próxima paragem da PR 15 é o Vidoeiro. Mas, antes, segue-se caminho sempre na companhia do rio Caima até atingir um local denominado 'Junqueiro' e, um pouco mais à frente, um fenómeno geológico. Falo das Pedras Boroas.

De Albergaria ruma-se até ao Vidoeiro
Julho de 2012


Igreja de Albergaria da Serra
de 2012


É comum a presença de vacas arouquesas a pastar pela serra
Julho de 2012


O rio Caima nasce na Serra da Freita
Julho de 2012


As Pedras Boroas do Junqueiro "correspondem a dois blocos graníticos, os quais apresentam uma alteração em fissuração poligonal que lhes confere semelhanças com as códeas de boroas de milho" lê-se num dos folhetos informativos do Arouca Geopark. Ao percorrer a PR 15, deixo a sugestão para que façam um pequeno desvio do trilho e, assim, vejam ao vivo e a cores este fenómeno geológico. E, depois deste acréscimo, há que retomar o caminho certo em direcção ao Vidoeiro.

Exemplares de Pedras Boroas
Abril de 2013


Já no Vidoeiro, os caminheiros avistam a casa-abrigo do Clube de Campismo de São João da Madeira (CCSJM). Inaugurada a 24 de Março de 2012, a casa serve de refúgio para turistas e amantes de montanhismo. Para usufruir do espaço, os interessados devem contactar a secção de montanhismo do clube de campismo para encontrar respostas às perguntas e dúvidas que, eventualmente, possam ter.

O refúgio do Clube de Campismo de SJM fica no Vidoeiro
Fevereiro de 2012


O casa-abrigo do CCSJM fica para trás e uma passagem pela Portela da Anta é o que espera os caminheiros. Agora, falo de uma mamoa da Serra da Freita que pertence a um importante património arqueológico deixado, noutros tempos, por pessoas que habitaram as terras de Arouca. A Portela da Anta é apenas um fenómeno, à espera de ser admirado, de entre os muitos espalhados pela serra e pelo concelho. A seguir, uma vista de olhos sobre a Anta de Monte Calvo.

A próxima paragem é a Portela da Anta
Fevereiro de 2012 


Mamoa da Portela da Anta
Abril de 2013


Os caminheiros chegam à estrada asfaltada, que liga Vale de Cambra à Serra da Freita, e, após, atravessá-la tomam um caminho de terra junto da Anta de Monte Calvo. Outro fenómeno arquitectónico composto por pedras, umas amontoadas e outras soltas, que encerram no seu interior espaços funerários de tipologias e cronologias diversificadas.

Abrigo do Monte Calvo é a próxima etapa
Fevereiro de 2012


Vale de Cambra para a esquerda e Arouca para a direita
Julho de 2012


Anta de Monte Calvo junto da estrada asfaltada
Fevereiro de 2012


Depois da Anta de Monte Calvo, o caminho tomado pelos caminheiros leva-os ao lugar de Castanheira. Aqui, é possível visitar a Casa ou Centro de Interpretação das Pedras Parideiras e a toda a aldeia, ficando a conhecer o fenómeno geológico das pedras que 'parem' pedras. Inaugurado a 3 de Novembro de 2012, o centro só no primeiro ano de existência conta com cerca de 30 mil visitantes, vindos de vários pontos do país e do estrangeiro.

Aldeia da Castanheira
Julho de 2012


As pedras parideiras são um fenómeno geológico da Freita
Fevereiro de 2012


As pedras parideiras surgem numa área limitada, nas imediações da aldeia de Castanheira, em plena Serra da Freita, onde pode ler-se numa placa informativa que: "[S]ão um fenómeno geológico único em Portugal e raro no mundo inteiro. Datam de há mais de 280 milhões de anos. Ajude-nos a preservá-las neste local." Mas, numa visita ao Centro de Interpretação, os caminheiros podem ficar a saber mais.

Casa das Pedras Parideiras
Novembro de 2012


Mais especificamente, as pedras de que falo tratam-se de afloramentos graníticos que têm "encrustados nódulos envolvidos por uma capa de biotite os quais, por efeito da erosão, se soltam da pedra-mãe. Daí a denominação de parideiras", esclarecida no folheto da PR 15. E, depois de uma visita aprofundada pela aldeia de Castanheira, há que retomar caminho em direcção a Cabaços.

Passadiços de madeira junto da Casa das Pedras Parideiras
Novembro de 2012


Placas informativas junto à Casa das Pedras Parideiras
Maio de 2013


À Castanheira segue-se a aldeia de Cabaços
Julho de 2012


Assim como a aldeia de Castanheira, Cabaços é um lugar pequeno, tradicional e fortemente rural. Trilhos de serra separam e unem as duas aldeias. E, após a travessia, os caminheiros estão bem perto de concluir esta pequena rota de 17 km. Em Cabaços, já é possível avistar o lugar de Albergaria da Serra. Mas, agora, há que atravessar o rio Caima na praia fluvial local.

Vista panorâmica sobre a aldeia de Cabaços
Julho de 2012


A praia fluvial de Albergaria da Serra convida a uma ida a banhos em dias quentes e são muitos os visitantes e/ou turistas que escolhem a Serra da Freita para apanhar sol e refrescarem-se nas águas do rio Caima. Posto isto, segue-se o lugar da Mizarela. Mesmo ao lado, os caminheiros atingem rapidamente o café local e, uns metros à frente, o miradouro da Frecha da Mizarela.

Praia fluvial de Albergaria da Serra
Agosto de 2012


Junto da paragem do lugar da Mizarela
Fevereiro de 2012


A Frecha da Mizarela é outro geosítio da Serra da Freita e do concelho de Arouca. Apresenta um desnível de cerca de 60 metros, tornando-a a mais alta queda de Portugal Continental. Formou-se devido à erosão diferencial provocada pelo rio Caima sobre duas rochas distintas que ali contactam: o granito e o xisto. Junto do miradouro, é proporcionada uma vista magnífica. Mas, para quem percorrer as Escarpas da Mizarela é oferecida aos caminheiros um regalo aos olhos melhor.

Frecha da Mizarela
Maio de 2012


O Merujal é a última paragem
Julho de 2012


Vista sobre a aldeia do Merujal
Julho de 2012


Bem, é tempo de 'largar' a Mizarela e de caminhar em direcção à aldeia do Merujal, onde começamos e onde terminamos esta Viagem à Pré-História da Serra da Freita. No final, contam-se 17 km de caminho percorrido e guardam-se momentos ricos em convivência e natureza de uma pequena rota de nível médio. Classificação de grau médio devido à sua extensa e não ao seu grau de dificuldade.

Paisagens e fenómenos geológicos da Freita


Inúmeras são as vezes que visito às terras da Serra da Freita e, hoje, deixo uma descrição da PR 15 de Arouca e muito mais do que isso (ver acima fotogaleria). Fica o registo fotográfico de diferentes passagens e paragens por lugares como o Merujal, Albergaria da Serra, Vidoeiro, Castanheira, Cabaços, Mizarela.

Aventurem-se e boas caminhadas!

Um até já,

TS


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A Aldeia Mágica

A descrição dos percursos pedestres do concelho de Arouca continua e, hoje, é tempo de conhecer o trajecto da pequena rota (PR) 14 que leva os caminheiros até à Aldeia Mágica, no lugar de Drave. Quatro quilómetros de ida e outros quatro de volta com início e fim na aldeia de Regoufe, onde podem deixar o veículo e, pegada a pegada, usufruir da paisagem envolvente.

PR 14 - A Aldeia Mágica


Drave, também conhecido por Aldeia Mágica, é um lugar escondido pelos vales e montanhas de Arouca e de S. Pedro do Sul. Visitada por diferentes pessoas e grupos, nomeadamente escuteiros, a aldeia ganha vida a cada chegada e passagem já que as casas de xisto estão vazias. A população residente é inexistente e a paisagem é rica, o que dá a Drave um ambiente misterioso e encantador.  

Placa informativa das PR's 13 e 14


A PR 14 - A Aldeia Mágica - é uma pequena rota linear de 4 km de distância que pode ter início e conclusão num dos extremos do percurso. Em Regoufe ou em Drave. A primeira aldeia é a recomendação que deixo, no Pé ante pé, para partir à descoberta da Aldeia Mágica pois o acesso e estacionamento são mais acessíveis. E, tal como a PR 13, a placa informativa da PR 14 está posicionada no largo da capela local, indicando aos caminheiros para onde seguir.

De Regoufe para Drave


Atingido o largo da capela local, os caminheiros seguem o trilho de Drave que fica na margem esquerda da ribeira de Regoufe. Atravessa-se a povoação e uma pequena ponte sobre a ribeira. A partir daí é subir e subir até ao cimo do monte, calcando pedras e pedregulhos soltos e que dificultam à travessia. Mas, digo, vale a pena o esforço para admirar a paisagem magnífica encontrada no topo. 

A iniciar uma subida íngreme repleta de pedregulhos


Um espantalho posicionado a meio da subida


Paisagem avistada do topo do trilho


Já no topo do monte, os caminheiros constatam o quão maravilhosa é a vista panorâmica. Seja para a esquerda seja para a direita, os vales encaixados uns nos outros enchem os olhos de quem os admira. Mas o trajecto e as paisagens belas não acabam por aqui. Há que seguir em frente, pela esquerda, e contemplar o que aparece a cada pegada pois, daqui a nada, já é possível ver a aldeia misteriosa numa dimensão reduzida.

Placa indicativa da PR 14


Montes e vales de Arouca


A ribeira de Palhais desagua no rio Paivô


Estado de uma pinha depois de devorada por esquilos


Pormenor de um tronco envelhecido


Aldeia de Drave começa a ser avistada


Boca de uma mina inactiva


À chegada a Drave, atravessa-se uma ponte de xisto sobre a ribeira de Palhais e, depois, parte-se à descoberta do interior da Aldeia Mágica. As casas de xisto estão vazias, mas no interior de algumas delas encontra-se vida e desvendam-se mistérios. No meio das habitações, destacam-se dois edifícios: o Solar dos Martins, uma casa grande e imponente, e a capela branca, construída em homenagem à Nossa Senhora da Saúde.

Ponte de xisto sobre a ribeira de Palhais


Capela dedicada à Nª Srª da Saúde


Casas de xisto com coberturas em lousa


Objectos deixados por pessoas e grupos 


Agulhas secas


Uma vez em Drave, recomenda-se uma visita alongada pela aldeia e, em dias de calor, porque não os visitantes refrescarem-se nas águas da ribeira de Palhais? Fica a dica. E mais! Esta ribeira, que atravessa a Aldeia Mágica, desagua no rio Paivô. Sim, o rio que nasce na Serra Arada, do lado de S. Pedro do Sul, passa por terras de Arouca e desagua no rio Paiva. Posto isto, chega a hora do adeus e há que retomar o caminho no sentido inverso: Drave - Regoufe. 



Vista panorâmica sobre o Vale do Paivô


Vista panorâmica sobre a aldeia de Regoufe


Já em Regoufe, os caminheiros podem aproveitar para visitar as ruínas da central de exploração de volfrâmio e, se gerirem bem o tempo, podem no mesmo dia percorrer a PR 13 - Na Senda do Paivô. Assim, conhecem três aldeias e dois percursos pedestres de Arouca numa só cartada.

Aventurem-se e boas caminhadas!

Um até já,

TS