quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Uma viagem ao passado de Évora

Évora é a cidade do Alentejo que guarda o templo romano tido como um dos mais famosos monumentos de Portugal. O "Templo de Diana", como é mais conhecido, a Capela dos Ossos, a Igreja de S. Francisco, a Cerca Velha, a Sé Catedral, o Palácio de D. Manuel e a Praça Giraldo são alguns dos pontos de interesse da intitulada cidade-museu que o Pé ante pé quis visitar. 

O centro histórico de Évora é conhecido por cidade-museu 


As Muralhas de Évora (ou Cerca Velha) escondem o centro histórico da capital de distrito. E, numa visita à cidade-museu, é (no início ou no fim) aconselhável uma passagem pela aldeia da Nossa Senhora de Guadalupe que fica a cerca de quatro quilómetros da cidade. Esta terra dá a conhecer o Menir e Cromeleque dos Almendres, monumentos pré-históricos perdidos no meio de sobreiros.

Parque de lazer e de merendas da aldeia de N. Srª da Guadalupe


O início do passeio de hoje começa na aldeia de Nossa Senhora da Guadalupe. A poucos quilómetros da capital de distrito, um recinto megalítico perdido entre os muitos sobreiros e terrenos de terra batida espera proporcionar aos forasteiros uma viagem à pré-história de Évora. Já no parque de lazer e de merendas local, o Pé ante pé segue a direcção do "Menir dos Almendres" e do "Cromeleque".

Caminho de terra batida


Placa informativa do "Menir dos Almendres"


A caminho do "Menir dos Almendres"


Deixada a estrada asfaltada, o percurso continua por um caminho de terra batida. Primeiro, surge o Menir dos Almendres. Um bloco de pedra com forma de ovo alongado que é um exemplar característico dos menires da região de Évora. Este menir data da época neolítica e a sua localização está relacionada com a do recinto megalítico dos Almendres.

O Menir dos Almendres é uma pedra com forma de ovo alongado


Junto do Menir dos Almendres


O "alinhamento entre os dois monumentos coincide com o nascer do Sol no Solstício de Verão", lê-se numa placa informativa local. E, aqui, está a explicação da localização do Menir estar relacionada com a do Cromeleque dos Almendres. Este último monumento pré-histórico é o maior do género na Península Ibérica e um dos maiores da Europa.

À entrada do recinto megalítico dos Almendres


Cromeleque dos Almendres


O Cromeleque é formado por quase cem enormes pedras


O Cromeleque dos Almendres é constituído por quase uma centena de enormes pedras originalmente erguidas e dispostas, em planta oval, no Neolítico. Classificado de Imóvel de Interesse Público, este monumento pré-histórico perde com o tempo o seu papel religioso ligado à observação astronómica. Hoje, ainda vê-se gravuras gastas (como círculos, o que aparenta ser uma face humana, etc.) em alguns dos menires.

A estrutura é descoberta em 1960 e reerguida nos anos seguintes


O Pé ante pé no Cromeleque dos Almendres


O Cromeleque é um monumento Imóvel de Interesse Público


Depois do recinto megalítico dos Almendres, a aldeia de Nossa Senhora da Guadalupe fica para trás e as Muralhas de Évora (ou Cerca Velha) estão perto. Estas muralhas são Património Mundial da UNESCO, assim como o centro histórico da cidade situado no interior desta construção que passa por diferentes fases (época dos romanos e Idade Média). Outrora, a cerca defendia a cidade de invasores e, hoje, aguarda pela visita de forasteiros.

Muralhas de Évora ou Cerca Velha


Rua estreita do centro histórico de Évora


No centro histórico de Évora, uma nova viagem ao passado começa. À procura do templo romano, surge primeiro um dos locais mais atractivos da cidade. Falo da Capela dos Ossos. Construída no século XVII dentro da Igreja de S. Francisco, esta capela apresenta à entrada a seguinte inscrição: «Nós, ossos aqui estamos, pelos vossos esperamos.»  Por outras palavras, a vida é temporária.

"Templo de Diana" como é popularmente conhecido


A entrada para o Museu de Évora fica no largo do templo


Na zona mais alta da cidade, o templo romano e a Sé Catedral de Évora destacam-se de tudo o resto que compõe o largo do Conde de Vila Flor e o largo do Marquês de Marialva respectivamente. O "Templo de Diana", como é popularmente conhecido, é um edifício religioso pagão do século I. Nessa época, o hoje monumento é construído com granito e mármore de Estremoz.

Sé Catedral de Évora


Torre com o relógio da Catedral


Ainda no largo do Conde de Vila Flor, o Museu de Évora tem vista para o "Templo de Diana" e guarda peças romanas, visigóticas e árabes recolhidas do templo romano, do Palácio D. Manuel e da Praça Giraldo. Ao lado, a imponente Sé Catedral erguida nos séculos XII e XIII marca a transição dos estilos românico e gótico. E uma curiosidade deste edifício é o ter duas  torres distintas uma da outra.

Praça Giraldo e centro histórico de Évora


A fonte da Praça Giraldo é de mármore e tem oito bicas


Quanto ao Palácio D. Manuel, pouco resta do palácio original. É possível  ver a Galeria das Damas, um edifício manuelino localizado naquele que é hoje o jardim público de Évora. Noutros tempos conhecido como Paço Real de São Franscisco, é construído por volta de 1468 a mando de D. Afonso V. E, depois de uma visita à cidade-museu, o descanso é merecido num banco do jardim.

Lembrança para recordar a cidade de Évora


Adeus e até um dia Évora


Todos os caminhos de Évora dão à Praça Giraldo e, antes da despedida, toca a visitar a praça mais emblemática da cidade-museu. Esta praça alentejana é intitulada de Giraldo em homenagem a Geraldo Geraldes, conhecido por 'Geraldo sem Pavor'. Este homem conquista, em 1167, Évora aos mouros e, de seguida, ajuda a conquistar a região do Alentejo.

Aventurem-se e boas conquistas!

Um até já,

TS




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Uma visita relâmpago a Vila Viçosa

Uma visita relâmpago a terra natal da poetisa Florbela Espanca revela-se surpreendente. Vila Viçosa é uma vila portuguesa do distrito de Évora que alberga dois museus na alcáçova do castelo e o Santuário de Nossa Senhora da Conceição no interior das muralhas medievais. Ainda pelo Alentejo, o Pé ante pé descobre um Terreiro do Paço e um Paço dos Duques de Bragança.   

Vila Viçosa


A capital lisboeta tem um Terreiro do Paço e o berço da nação, Guimarães, tem um Paço dos Duques de Bragança. Isso todos os portugueses já o sabem. O que muitos podem desconhecer é a existência destes em Vila Viçosa. Esta vila alentejana tem o seu Terreiro do Paço. Um grande largo onde ergue-se o Paço Ducal, isto é, a residência dos duques de Bragança do século XVI até ao fim da monarquia, em 1910.  

Paço dos Duques de Bragança e Terreiro do Paço


O Paço dos Ducal é um palácio que, hoje em dia, pertence à Fundação da Casa de Bragança, e funciona como museu. D. Carlos, rei de Portugal, parte a 1 de Fevereiro de 1908 da então casa de férias e do terreiro de Vila Viçosa horas antes de ser assassinado no outro Terreiro do Paço (o de Lisboa). E, aqui, está um cruzamento de locais e histórias.

"Avenida dos Duques de Bragança"


Paço dos Duques de Bragança


Vila Viçosa é a terra natal da poetisa Florbela Espanca


Florbela Espanca é uma poetisa portuguesa, que dá nome ao cine-teatro de Vila Viçosa. É uma homenagem a uma filha da terra, nascida a 8 de Dezembro de 1894. A sua biografia conta que toda a sua infância é passada nesta vila alentejana, mas Florbela deixa as raízes. Passa por Évora, Lisboa, Esmoriz e, em Matosinhos, suicida-se a 8 de Dezembro de 1930.

Uma das entradas de acesso às muralhas do castelo 


Muralhas medievais


A caminho do Museu Arqueológico e do Museu da Caça


Agora, é tempo de percorrer as muralhas medievais do castelo de Vila Viçosa. E, guardado pelas muralhas, está o Santuário de Nossa Senhora da Conceição. Esta é padroeira de Portugal e a sua figura está visível a quem visitar a Igreja Matriz da vila. A data de construção desta ermida é incerta, sabendo-se apenas que remonta à época medieval. O mármore local é o material dominante da obra.  

Alcáçova do castelo  alberga os Museus de Arqueologia e da Caça


Canhão


Entrada de acesso ao castelo de Vila Viçosa


O castelo de Vila Viçosa é um conjunto amuralhado de arquitectura militar, gótica, manuelina e barroca. As fortificações do castelo artilheiro têm influência de épocas diferentes e, hoje, a alcáçova alberga os Museus de Arqueologia e da Caça. Estes são pólos do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança. Uma vez no interior das muralhas medievais, há ainda que aproveitar a vista sobre a vila.

Parque municipal inaugurado a 24 de Junho de 2011


Adeus e até um dia Vila Viçosa


À chegada a Vila Viçosa, os visitantes dão de caras com o parque municipal, inaugurado a 24 de Junho de 2011 pelo então presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Luís Roma. E, seja no início da visita ou seja na despedida, uma passagem relâmpago por este espaço verde de lazer é uma boa oportunidade de dizer 'Olá' ou 'Adeus e até um dia Vila Viçosa'.

Aventurem-se e bons passeios!

Um até já,

TS


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Fortificações da cidade de Elvas

A vida é uma viagem de encontros e desencontros e há que aproveitá-la. Uma das formas de o fazer é a caminhar e passar pelo nosso país que tem muito para mostrar a quem o visita. O Pé ante pé continua, hoje, a desvendar o Alentejo e a viajar no tempo. A cidade-quartel de Elvas é o destino e fiquem a conhecer as suas fortificações que são Património Mundial da Humanidade.  

À entrada da cidade de Elvas


Apelidada de "Rainha da Fronteira" ou "Cidade-Fortaleza", Elvas integra o distrito de Portalegre e é a mais importante cidade-quartel fronteiriça, sendo que tem uma das maiores fortificações abaluartadas do Mundo. Classificadas pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 2012, as antigas defesas desta cidade incluem as muralhas, o centro histórico, o Forte de Santa Luzia, o Forte da Graça, o Aqueduto da Amoreira e os fortins de S. Pedro, de S. Mamede e de S. Domingos. 

Junto do Aqueduto da Amoreira


Ao chegar à cidade de Elvas, o Aqueduto da Amoreira dá as boas-vindas e o próximo passo conduz à Porta da Esquina ou Porta da Conceição. Um monumento nacional traçado pelo matemático holandês Jan Ciermans (conhecido por João Cosmander) e que integra a muralha do sistema abaluartado da Restauração. Primeiro, apresenta-se a porta exterior da Esquina e, depois, a interior. 

Porta exterior da Esquina ou de N. Srª da Conceição


A primeira (acima) tem uma decoração simples e, noutros tempos, dava acesso à antiga estrada para Estremoz e Lisboa. Já a porta interior da Esquina (abaixo) é mais elaborada. O mármore branco e negro fazem parte da sua construção e, no final do século XVII, nas suas traseiras é construída a capela de Nossa Senhora da Conceição, de estilo Renascentista, que também dá nome à porta. 

Porta interior da Esquina


No largo da porta interior da Esquina, é possível avistar os oito quilómetros de extensão do Aqueduto da Amoreira. Este é um importante exemplo da arquitectura hidráulica do país que estende-se da nascente no local da Amoreira até à Fonte da Misericórdia no centro da cidade. O aqueduto começa a ser construído em 1537, mas, devido a vários constrangimentos, a água só chega definitivamente em 1622.

Aqueduto da Amoreira


O Aqueduto da Amoreira é o maior do género da Península Ibérica. Este tem 1367 metros de galerias subterrâneas e mais de cinco quilómetros e meio à superfície com arcadas que chegam a atingir 31 metros de altura. Avançando na visita e transposta a Porta da Esquina, eis a Poterna de São Martinho e a Igreja que lhe dá nome. E, aqui, está um exemplar de uma saída dissimulada que conduzia para fora da fortificação. 
Poterna de São Martinho


Adiante, a Casa das Barcas. Um "edifício construído entre 1703 e 1705, no âmbito dos preparativos da Guerra de Sucessão Espanhola, para a construção e armazenamento de barcas que em operações militares serviam para atravessar a fronteira espanhola nos rios Caia e Guadiana." Esta informação está inscrita numa placa local, onde dá para perceber que, hoje, a então "Casa das Barca" é o Mercado Municipal de Elvas.

A "Casa das Barcas" é hoje o mercado municipal 


Entre o Mercado Municipal e o Castelo, é possível visualizar o Meio-Baluarte do Príncipe. Um baluarte incompleto que, noutros tempos, fazia a defesa da zona Norte da fortificação. Daqui, a próxima paragem é o Castelo de Elvas. Um monumento nacional conquistado, inicialmente, aos árabes em 1166 por D. Afonso Henriques. Poucos anos depois da conquista, é perdido para os árabes.

Meio-Baluarte do Príncipe


E num vai e vem faz-se a história do castelo. Este é reconquistado, definitivamente, por D. Sancho II no ano de 1226 e sofre alterações nos reinados de D. Dinis, D. João e D. Manuel. A Torre de Menagem é, em 1488, reconstruída e, hoje, o castelo assume a forma de quadrilátero. Ultrapassada a porta principal, os visitantes têm ao seu dispor um café e restaurante com direito a esplanada.

O castelo de Elvas é monumento nacional desde 1906


O castelo fica no ponto mais alto do centro histórico da cidade de Elvas e, daqui, diz-se que «Ó Elvas/ Ó Elvas/ Badajoz à vista» (A Minha Cidade, de Paco Bandeira). Elvas é a cidade-quartel que faz fronteira com Badajoz (Espanha) e é terra do Alentejo e do Guadiana. Tem, além das suas fortificações classificadas como Património da Humanidade, um importante património religioso.

«Ó Elvas/ Ó Elvas/ Badajoz à vista»


Paredes de casas do centro histórico de Elvas


Plantações caseiras com recurso à reciclagem


Uma das ruas do centro histórico de Elvas


A Igreja de Nossa Senhora da Assunção é uma das construções religiosas que pode ser visitada numa passagem pela Praça da República. Elvas é diocese de 1570 até 1881 e esta Igreja destaca-se, das outras ermidas, por ser a antiga Sé da cidade. A construção da Igreja de N. Srª da Assunção remonta o ano de 1517 e a ordem parte de D. Manuel. O interior deste edifício religioso é rico em pormenores.

Igreja de Nossa Senhora da Assunção e antiga Sé de Elvas


Depois de uma visita ao centro histórico de Elvas, a próxima paragem é o Forte de Santa Luzia já um pouco afastado da cidade. Ao chegar ao forte, uma marca amarela e vermelha sobressai num poste verde e sai uma exclamação eufórica: "Aqui, há um percurso!" Nisto, toca a pesquisar e o "Pecurso de birdwatching de Torre de Bolsa" é a nova descoberta. Um percurso linear de 13 km com início ao pé do Forte de Santa Luzia (mais informações no link abaixo).

Percurso de birdwatching de Torre de Bolsa


À entrada do Forte de Santa Luzia a impressão é boa e a vontade de visitar é grande. Este forte é uma fortificação do século XVII construída com base nas guerras da Restauração de Portugal e Espanha. A sua construção tem início em 1641 e fica concluída em 1648, sendo que da sua composição fazem parte quatro baluartes, a Casa do Governador, a Igreja, uma casa abobadada à prova de bomba, várias casernas e duas cisternas.

Forte de Santa Luzia


No interior do Forte de Santa Luzia


Adereços complementam o cenário do Forte de Santa Luzia


Cidade de Elvas avistada do Forte de Santa Luzia


Interior do Forte de Santa Luzia


Telescópio do Forte de Santa Luzia


Num dos baluartes do Forte de Santa Luzia


'Casa do Governador'


Interior do Forte de Santa Luzia


Numa visita rápida a Badajoz e ao rio Guadiana 


Uma vez em Elvas, a vontade é imensa de fazer uma visita ao rio Guadiana e a Badajoz. Então, o Pé ante pé atravessa a fronteira Portugal-Espanha para uma passagem rápida e, ao mesmo tempo, memorável. Em terras espanholas, fica o desejo de voltar um dia para uma nova aventura. E, agora, é tempo de rumar a Elvas para, de seguida, fazer uma visita relâmpago a Vila Viçosa. 

Aventurem-se e bons passeios!

Um até já,

TS