quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Fortificações da cidade de Elvas

A vida é uma viagem de encontros e desencontros e há que aproveitá-la. Uma das formas de o fazer é a caminhar e passar pelo nosso país que tem muito para mostrar a quem o visita. O Pé ante pé continua, hoje, a desvendar o Alentejo e a viajar no tempo. A cidade-quartel de Elvas é o destino e fiquem a conhecer as suas fortificações que são Património Mundial da Humanidade.  

À entrada da cidade de Elvas


Apelidada de "Rainha da Fronteira" ou "Cidade-Fortaleza", Elvas integra o distrito de Portalegre e é a mais importante cidade-quartel fronteiriça, sendo que tem uma das maiores fortificações abaluartadas do Mundo. Classificadas pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 2012, as antigas defesas desta cidade incluem as muralhas, o centro histórico, o Forte de Santa Luzia, o Forte da Graça, o Aqueduto da Amoreira e os fortins de S. Pedro, de S. Mamede e de S. Domingos. 

Junto do Aqueduto da Amoreira


Ao chegar à cidade de Elvas, o Aqueduto da Amoreira dá as boas-vindas e o próximo passo conduz à Porta da Esquina ou Porta da Conceição. Um monumento nacional traçado pelo matemático holandês Jan Ciermans (conhecido por João Cosmander) e que integra a muralha do sistema abaluartado da Restauração. Primeiro, apresenta-se a porta exterior da Esquina e, depois, a interior. 

Porta exterior da Esquina ou de N. Srª da Conceição


A primeira (acima) tem uma decoração simples e, noutros tempos, dava acesso à antiga estrada para Estremoz e Lisboa. Já a porta interior da Esquina (abaixo) é mais elaborada. O mármore branco e negro fazem parte da sua construção e, no final do século XVII, nas suas traseiras é construída a capela de Nossa Senhora da Conceição, de estilo Renascentista, que também dá nome à porta. 

Porta interior da Esquina


No largo da porta interior da Esquina, é possível avistar os oito quilómetros de extensão do Aqueduto da Amoreira. Este é um importante exemplo da arquitectura hidráulica do país que estende-se da nascente no local da Amoreira até à Fonte da Misericórdia no centro da cidade. O aqueduto começa a ser construído em 1537, mas, devido a vários constrangimentos, a água só chega definitivamente em 1622.

Aqueduto da Amoreira


O Aqueduto da Amoreira é o maior do género da Península Ibérica. Este tem 1367 metros de galerias subterrâneas e mais de cinco quilómetros e meio à superfície com arcadas que chegam a atingir 31 metros de altura. Avançando na visita e transposta a Porta da Esquina, eis a Poterna de São Martinho e a Igreja que lhe dá nome. E, aqui, está um exemplar de uma saída dissimulada que conduzia para fora da fortificação. 
Poterna de São Martinho


Adiante, a Casa das Barcas. Um "edifício construído entre 1703 e 1705, no âmbito dos preparativos da Guerra de Sucessão Espanhola, para a construção e armazenamento de barcas que em operações militares serviam para atravessar a fronteira espanhola nos rios Caia e Guadiana." Esta informação está inscrita numa placa local, onde dá para perceber que, hoje, a então "Casa das Barca" é o Mercado Municipal de Elvas.

A "Casa das Barcas" é hoje o mercado municipal 


Entre o Mercado Municipal e o Castelo, é possível visualizar o Meio-Baluarte do Príncipe. Um baluarte incompleto que, noutros tempos, fazia a defesa da zona Norte da fortificação. Daqui, a próxima paragem é o Castelo de Elvas. Um monumento nacional conquistado, inicialmente, aos árabes em 1166 por D. Afonso Henriques. Poucos anos depois da conquista, é perdido para os árabes.

Meio-Baluarte do Príncipe


E num vai e vem faz-se a história do castelo. Este é reconquistado, definitivamente, por D. Sancho II no ano de 1226 e sofre alterações nos reinados de D. Dinis, D. João e D. Manuel. A Torre de Menagem é, em 1488, reconstruída e, hoje, o castelo assume a forma de quadrilátero. Ultrapassada a porta principal, os visitantes têm ao seu dispor um café e restaurante com direito a esplanada.

O castelo de Elvas é monumento nacional desde 1906


O castelo fica no ponto mais alto do centro histórico da cidade de Elvas e, daqui, diz-se que «Ó Elvas/ Ó Elvas/ Badajoz à vista» (A Minha Cidade, de Paco Bandeira). Elvas é a cidade-quartel que faz fronteira com Badajoz (Espanha) e é terra do Alentejo e do Guadiana. Tem, além das suas fortificações classificadas como Património da Humanidade, um importante património religioso.

«Ó Elvas/ Ó Elvas/ Badajoz à vista»


Paredes de casas do centro histórico de Elvas


Plantações caseiras com recurso à reciclagem


Uma das ruas do centro histórico de Elvas


A Igreja de Nossa Senhora da Assunção é uma das construções religiosas que pode ser visitada numa passagem pela Praça da República. Elvas é diocese de 1570 até 1881 e esta Igreja destaca-se, das outras ermidas, por ser a antiga Sé da cidade. A construção da Igreja de N. Srª da Assunção remonta o ano de 1517 e a ordem parte de D. Manuel. O interior deste edifício religioso é rico em pormenores.

Igreja de Nossa Senhora da Assunção e antiga Sé de Elvas


Depois de uma visita ao centro histórico de Elvas, a próxima paragem é o Forte de Santa Luzia já um pouco afastado da cidade. Ao chegar ao forte, uma marca amarela e vermelha sobressai num poste verde e sai uma exclamação eufórica: "Aqui, há um percurso!" Nisto, toca a pesquisar e o "Pecurso de birdwatching de Torre de Bolsa" é a nova descoberta. Um percurso linear de 13 km com início ao pé do Forte de Santa Luzia (mais informações no link abaixo).

Percurso de birdwatching de Torre de Bolsa


À entrada do Forte de Santa Luzia a impressão é boa e a vontade de visitar é grande. Este forte é uma fortificação do século XVII construída com base nas guerras da Restauração de Portugal e Espanha. A sua construção tem início em 1641 e fica concluída em 1648, sendo que da sua composição fazem parte quatro baluartes, a Casa do Governador, a Igreja, uma casa abobadada à prova de bomba, várias casernas e duas cisternas.

Forte de Santa Luzia


No interior do Forte de Santa Luzia


Adereços complementam o cenário do Forte de Santa Luzia


Cidade de Elvas avistada do Forte de Santa Luzia


Interior do Forte de Santa Luzia


Telescópio do Forte de Santa Luzia


Num dos baluartes do Forte de Santa Luzia


'Casa do Governador'


Interior do Forte de Santa Luzia


Numa visita rápida a Badajoz e ao rio Guadiana 


Uma vez em Elvas, a vontade é imensa de fazer uma visita ao rio Guadiana e a Badajoz. Então, o Pé ante pé atravessa a fronteira Portugal-Espanha para uma passagem rápida e, ao mesmo tempo, memorável. Em terras espanholas, fica o desejo de voltar um dia para uma nova aventura. E, agora, é tempo de rumar a Elvas para, de seguida, fazer uma visita relâmpago a Vila Viçosa. 

Aventurem-se e bons passeios!

Um até já,

TS


Sem comentários:

Enviar um comentário